quarta-feira, 29 de junho de 2011

Curtas selecionados para Festival Brasileiro de Cinema Universitário


Trabalhos de alunos e ex-alunos da Escola Pública de Audiovisual da Vila das Artes foram selecionados para o 16º Festival Brasileiro de Cinema Universitário – FBCU. Os filmes Carrossel de Concreto e o Abismo de Veludo, de Rodrigo Fernandes e Victor Furtado, e Princesa, de Rafaela Diógenes, estão entre os 42 curtas escolhidos para a Mostra Competitiva. O FBCU acontece entre os dias 27 de julho e 7 de agosto, no Rio de Janeiro, e entre 8 e 14 de agosto, em São Paulo.


Princesa, de Rafaela Diógenes

Princesa (2010)
O filme, realizado durante o ateliê Imagem e Narrativa da Escola de Audiovisual, acompanha a trajetória de uma atriz de espetáculos infantis que vaga pelas ruas vestida de Branca de Neve e tem que conviver com a frustração de atingir somente a sombra de seus sonhos e fantasias. Rafaela Diógenes integra a segunda turma do curso de audiovisual da Vila das Artes e estuda Teatro no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE).

Carrossel de Concreto e o Abismo de Veludo (2011)
O curta é um vídeo-ensaio sobre os não-lugares formados em Fortaleza com ruínas que vão dar lugar a conglomerados de prédios. Rodrigo Fernandes é aluno da segunda turma do curso de audiovisual da Vila das Artes e do curso de Audiovisual e Novas Mídias da Universidade de Fortaleza (Unifor). Victor Furtado fez parte da primeira turma do curso de audiovisual da Vila e atualmente faz o curso de Teatro da Universidade Federal do Ceará (UFC).

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Angeli 24H

O cartunista Angeli | foto divulgação

O Cineclube Vila das Artes desta quarta (29) exibe, além do À Margem da Imagem, de Evaldo Mocarzel, o documentário Angeli 24H, de Beth Formaggini, sobre o cartunista Angeli. Historiadora e documentarista, Beth Formaggini está em Fortaleza orientando os alunos do Curso de Realização em Audiovisual da Vila das Artes na disciplina Metodologia de Pesquisa em Audiovisual.
 

Veja abaixo como foi o processo de criação de Angeli 24H.

Beth Formaggini | foto divulgação

Qual foi a sua intenção ao fazer o filme?
O foco é o processo de trabalho do cartunista e chargista Angeli e as transformações e crises do nosso personagem diante da sua obra. O filme é centrado na sua obsessão pelo trabalho e na crise de ser um artista da cultura pop, que tem que produzir  diariamente novas charges e tirinhas para várias mídias mas que ao mesmo tempo exige de si mesmo radicalidade e capacidade de se renovar, sempre botando o dedo na ferida. Eu lia alguma coisa dele e me dizia, era isto que eu estava pensando, o cara traduzia minha indignação, as questões de política e comportamento da minha geração. 


Porque 24h?
O filme acompanha 1 dia no processo de criação do Angeli enquanto ele desenha no seu estúdio ao som de rock pesado e visceral a charge política que vai sair no dia seguinte na Folha de SP. Ele ensaia primeiro várias versões a lápis, depois escolhe uma delas e refaz tudo com lápis e nanquim. Finalmente, já de noite, insere as cores e o texto no computador. Nossa ideia era registrar no tempo os elementos principais da criação de Angeli. Além da conversa no estúdio, filmamos ações em 4 espaços paralelos.
 

Como foi isto?
Fizemos uma intervenção na cidade de São Paulo durante 24horas com 3 equipes trabalhando simultaneamente. A primeira equipe fez o registro de 24 horas em plano fixo da esquina Bar Estadão 24h + banca de jornal 24h + cotidiano de rua movimentada refletida na porta de vidro do bar. Plano frontal. A imagem foi acelerada na edição.A segunda equipe fez o registro de 24 horas em plano fixo e time lapse da Cidade de SP: prédios + ruas e viadutos + carros num Plongé do skyline de São Paulo feito com uma câmera Cannon 5D de cima de um prédio;
A terceira equipe saiu em busca dos personagens de Angeli, principalmente os anônimos retratados nas tirinhas da República dos Bananas. Fizemos retratos dos personagens olhando para a câmera por 2 minutos.

A edição destas imagens aceleradas da cidade deveria criar no espectador a sensação dos fluxos de pensamentos e sentimentos que passam pela cabeça do artista durante o seu processo de criação. Queríamos captar o fluxo mental do artista, seu mundo interior, o imaginário e os objetos de seu trabalho: o bar, a cidade e o ser humano angustiado da metrópole. Depois de uma pesquisa escolhemos locações para cada hora do dia e abordamos seus frequentadores: no Viaduto do Chá de dia; no bar Mercearia São Pedro à noite; na Praça Roosevelt de madrugada.
 

Como escolheram os personagens na cidade?
Angeli faz uma antropologia urbana, é o etnógrafo que traduz a minha geração, os freaks, os office boys, os habitantes angustiados de qualquer metrópole. É só andar nas ruas de SP que você esbarra com eles. Procuramos lugares movimentados com muita gente circulando. Filmamos em plano fixo para acelerar na montagem e destacar essas figuras do mundo real, além de dar vida ao fundo onde muitas pessoas passam ou se movimentam, criar uma atmosfera menos realista evocando os fluxos da cidade e a cabeça enlouquecida do cartunista enquanto ele silenciosamente trabalha sossegado em seu estúdio.
 

Houve algum imprevisto?
No meio da noite da intervenção, no dia 13 de novembro de 2009, um apagão se abateu sobre o sudeste do Brasil e deixou tudo às escuras. RJ, BSB, SP sem energia elétrica. Como usávamos baterias as equipes continuaram filmando até o amanhecer e registramos os claro-escuros que são uma grande metáfora da crise que nosso personagem está vivendo com relação a sua obra. O tempo real se impôs e o acaso nos deu a chave para a compreensão do artista e do foco do filme. Não usamos o apagão de forma naturalista na montagem do filme. Utilizamos o claro escuro da cidade e também do estúdio como um elemento subjetivo que traduz os momentos de crise do personagem.
 

Como foi feita a pesquisa?
Passei a vida lendo as tirinhas e charges do Angeli, Laerte e Glauco, fui leitora das  entrevistas, das revistinhas, antologias, tudo! Comprava para meu filho, que era fã, e líamos os dois. Quando comecei a pesquisa, Carol, mulher do Angeli, me liberou os arquivos da família e li tudo o que podia. Ricky e Ana Pinta tinham feito uma mega exposição sobre ele e me ajudaram muito a ver sua produção nestes 35 anos de carreira.


Fiz uma longa entrevista com Angeli na casa dele com uma camerazinha. Percebi que, por ser um grande criador de personagens, ele tinha criado um personagem para si mesmo, que se confundia com o personagem autobiográfico das tirinhas e que estava em todas as entrevistas. Saquei que ele era um grande ator, carismático, performático, engraçado e denso ao mesmo tempo. Conversando com Lucas, meu filho e assistente de direção do filme, viciado em quadrinhos, reclamei que o Angeli tinha se colado a este personagem e que dificilmente ele seria trincado. Foi então que Lucas me alertou para o fato de que eu deveria  tirar partido disto. Decidimos então dar para Angeli um palco com três tapadeiras, como numa tirinha, para que ele desenvolvesse este auto-retrato de forma ativa.
 

Foi num estúdio?
Sim, queria que fosse o menos naturalista possível. Ele seria transportado para o espaço da performance. A conversa com Angeli girou em torno da mudança no seu trabalho a partir de uma crise que foi acentuada pela perda do filho de Laerte num acidente. Esta dor potencializou nos dois um desejo de mudança que já estava fermentando há tempos. Angeli conversou sobre a insatisfação como criador, o assassinato de seus personagens e a busca de uma nova linguagem abandonando os traços caricaturais e assumindo uma tirinha onde a piada não é o mais importante e sim a ideia, o conceito.
 

Como escolheram as tirinhas?
Fizemos uma projeção das tiras de Angeli. Joana Collier foi minha parceira nesta fase de edição desta obra tão vasta. Houve muitas conversas com a equipe nesta fase de definição do conteúdo quando os principais conceitos apareceram. A ideia era que ele entrasse na projeção, que passaria a tatuar seu corpo deixando sua silhueta na tela.  Ali Angeli  comentaria a sua obra e poderíamos ver nas tiras escolhidas as transformações no seu trabalho. 


Na edição final outras charges foram incluídas. Angeli cria charges para comentar os absurdos do cotidiano. Ele se expõe em carne viva na serie Angeli em crise, que foi nosso fio condutor. Ele fala de si e de uma geração que mudou o comportamento nos anos 60/70, numa revolução política e existencial que ele, na contramão do século XXI, continua praticando. Angeli valoriza, exercita e atualiza essa postura ética no dia-a-dia e no trabalho, fazendo seu público se relacionar com ela. Buscamos a  radicalidade que está expressa em sua  obra e que faz o público gargalhar e refletir, se horrorizar ou se identificar. Rir das suas fraquezas e de suas mazelas. Confrontar-se com elas. 

 

Como foi pensada a trilha sonora?
Ao realizar o filme pensamos numa trilha com rock experimental. Angeli trabalha ao som de rock, sua vida e  seu trabalho têm esta batida. Pesquisamos muito  para encontrar o tom certo. Montei o filme inicialmente com o som do Jimmy Hendrix, que é meu ídolo. Pensamos em chamar Edgar Scandurra, mas convidamos finalmente o Jr. Tostoi da banda Vulgue Tostoi, que tem uma proposta musical capaz de receber linguagens diversas. Eles estão sempre num contínuo processo de reinvenção, construindo e desconstruindo conceitos, assim como o Angeli. Fazem músicas dançantes mas que proporcionam curiosidade e estranhamento nas pessoas. Tostoi tomou pra si o documentário e compôs uma trilha visceral, foi um achado.
 

E o lançamento?
Pretendemos realizar um espetáculo multimídia integrando tirinhas, charges, artes plásticas, música e cinema. Nosa ideia é fazer o lançamento do cd/dvd Angeli 24horas junto com a trilha original do filme interpretada pela Banda Vulgue Tostoi num show que apresentará as músicas compostas especialmente para o filme por Jr. Tostoi. Elas precisam ir além do filme e fazer dançar plateias pelo Brasil a fora.

Faremos a exibição do documentário em telões com a trilha tocada ao vivo. Montaremos na sala de entrada do espetáculo a instalação Fluxos sobre as relações entre a obra de Angeli e os fluxos da metrópole pra expor o trabalho dele integrado com o material da intervenção que fizemos em SP. Ja inscrevi projetos para captar recursos com vistas ao lançamento nos editais dos Correios, do Sesc, da Natura Musical. Vamos ver se no ano que vem Angeli 24h cai na estrada.

À Margem da Imagem revela a sobrevivência dos moradores de rua de São Paulo


À Margem da Imagem, documentário de Evaldo Mocarzel será apresentado nesta quarta-feira (29) no Cineclube Vila das Artes, às 17h. Após a exibição a historiadora e documentarista Beth Formaggini, que orienta alunos do Curso de Realização em Audiovisual da Vila das Artes, e o realizador Victor Furtado conduzirão o debate com o público.A entrada é grátis. Quem quiser certificado de participaçao deve enviar email para estagioaudiovisualviladasartes@gmail.com.

O documentário À Margem da Imagem traz à tona o cotidiano de sobrevivência, a cultua e o estilo de vida dos moradores de rua da cidade de São Paulo. O documentário foi baseado em pesquisas da filósofa Maria Cecilia Loschiavo dos Santos, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, que há anos  pesquisa a situação dos moradores de rua nas grandes cidades do mundo como: São Paulo, Los Angeles e Tóquio. O documentário foi premiado em diversos festivais do Brasil. 

O cinema documental de Mocarzel revela outras visões sobre a vida. Traz impressões do cotidiano dos considerados excluídos socialmente. Conhecido por seu ativismo social, o cineasta é considerado um dos grandes documentaristas brasileiro. Além de fazer sucesso em festivais de cinema no Brasil e no exterior, seus documentários também são distribuídos em escolas públicas e privadas e exibidos pelos movimentos sociais para dar apoio a suas reivindicações. Abaixo uma entrevista com o cineasta.


Serviço: Cineclube Vila das Artes. Rua 24 de Maio, 1221, Centro. Filme: À margem da Imagem (Brasil, 2003, de Evaldo Mocarzel). Dia 29, às 17h30. 

segunda-feira, 20 de junho de 2011

"Videogramas de uma Revolução" é exibido, nesta semana, na Mostra Documentário


A Mostra Documentário: Desvio e Descoberta exibe, nesta quarta (22), às 17h, o filme Videogramas de uma Revolução (1992), de Harun Farocki e Andrei Ujica. O realizador Victor Furtado mediará o debate após a exibição. 
  
A rebelião popular que derrotou a ditadura de Nicolau Ceausescu em 1989, pondo fim ao regime comunista que vigorara por mais de quatro décadas na Romênia, é o mote do documentário. Os diretores combinam imagens da transmissão televisiva com o vasto material produzido por cinegrafistas amadores nas ruas da capital romena e reconstituem os eventos que culminariam com a queda e a execução do ditador. O resultado não é apenas uma história detalhada do levante popular e de suas conquistas, mas um estudo profundo sobre as relações entre mídia e poder.

A entrada é gratuita. Os interessados em receber comprovante de participação devem realizar pré-inscrição pelo e-mail estagioaudiovisualviladasartes@gmail.com. Mais informações pelo 3252-1444. 



Programação  
Dia 22/06 - Videogramas de uma Revolução, de Harun Farocki e Andrei Ujica (Romênia/Alemanha | 1992) 
Dia 29/06 - À Margem da Imagem, de Evaldo Mocarzel (Brasil | 2003)